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À primeira vista, Ove é o típico rabugento da terceira idade. Morando em um pequeno condomínio de casas no interior da Suécia, o senhor de quase 60 anos se irrita com todos os atos dos vizinhos, que segundo ele, não fazem nada certo. Sem motivações após a morte da mulher e surpreendido por uma demissão após quatro décadas de dedicação ao trabalho, Ove resolve dar um fim a sua vida, mas a chegada de novos vizinhos acaba mudando isso. Uma história que nos ajuda a relembrar que a gentileza, o amor e a felicidade podem ser encontrados nos lugares mais inesperados. Dirigido por Hannes Holm.

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No calor do verão, uma casa isolada no campo, entre bosques e campos de milho. Gêmeos de dez anos de idade esperam por sua mãe. Quando ela volta, com a cabeça envolta em ataduras após uma cirurgia plástica, nada é como era antes. Severa e distante, ela fecha a família para o mundo exterior. Começando a duvidar que esta mulher é realmente sua mãe, os meninos estão determinados a encontrar a verdade de qualquer maneira. Dirigido por Severin Fiala e Veronika Franz.

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Oscar (Denis Lavant) transita solitário em vidas paralelas, atuando como chefe, assassino, mendigo, monstro, pai… Mergulha profundamente em cada um dos papéis e é transportado por Paris e arredores em uma luxuosa limusine, comandada pela loira Céline (Edith Scob). Ele é um homem em busca da beleza do movimento, da força motriz, das mulheres e dos fantasmas de sua vida. Dirigido por Leos Carax.

Paris e o cinema:

A beleza do movimento… palavra essa, “movimento”, que deu origem ao nome “cinema” (do grego: κίνημα – kinema “movimento”). Esse filme representa o que é o cinema, através de várias cenas, suas facetas, seus gêneros e estilos (suspense, musical, ficção científica, drama, ação, etc).

Tudo começa quando alguém acorda e passa por uma porta secreta vendo-se num filme. Esse alguém é interpretado pelo próprio diretor Leos Carax. A partir daí, ao longo de um dia, um homem, que é um ator, o Sr. Oscar, vai passar por Paris, desde os subterrâneos, parques, cemitérios, até o alto dos edifícios. A cada parada, o Sr. Oscar interpreta um papel diferente: um monstro nos esgotos nos remete a uma história do tipo a bela e a fera; em outro momento, um casal se reencontra no alto da velha loja de departamentos La Samaritaine (momento musical com Kylie Minogue), com o par de torres da Notre Dame ao fundo. A cada cena, Holy Motors homenageia Paris e o cinema.

Denis Lavant é o Sr. Oscar, numa interpretação impecável, muito expressivo quando precisa e podado quando necessário. É um grande ator interpretando um grande ator em vários papéis. Genial! Cada interpretação é tão boa que fica até difícil caracterizar a pessoa em si, o Sr. Oscar, já que no momento seguinte ele está fazendo outro papel.

Oscar mostra poucas vezes sua personalidade fora das cenas, em momentos de transição, quando conversa com Céline dentro da limusine. Ela o transporta de um local a outro. O personagem talvez seja um ator brilhante, porém cansado de seu trabalho e de interpretar. Neste ponto podemos olhar para nós mesmos: somos cada vez mais atores nas nossas vidas. Seguimos uma fórmula como se fossemos máquinas e perdemos a própria identidade. Que bom que os filmes existem e nos permitem viver muitas vidas, como naquela frase que esqueci onde li e quem escreveu: “você não precisa ter experimentado de tudo na vida, mas sim ter visto os filmes certos”.

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